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O farol que anda
Num dia soalheiro fui ao farol da Barra, fui a pé ao farol. Quando o vi ele era gigantesco! Alguém me disse:
- Este farol é o maior de Portugal, mede sessenta e dois metros de altura e tem sessenta e seis metros de altitude.
- Ainda bem que me disse isso, para eu anotar no meu caderno, porque a minha professora mandou-me escrever mesmo o que disse.
Quando entrei no farol, ele tinha duzentos e setenta e um degraus e mais uma escada metálica com vinte degraus. Aquilo era lindíssimo! Visto de longe parece um farol normal (não muito grande) mas visto de perto é gigantesco. O farol da Barra foi inaugurado no século XIX, em 1893. Foi electrificado no século XX, em 1936.
A certa altura, perto do farol, apareceu-me um monstro gordo, peludo, azul, com bolinhas amarelas, que media três metros e vinte. Eu assustei-me muito, mas fiz o meu super-poder e ele desfez-se em pó azul e amarelo. Aquilo é que foi um susto.
De repente, o farol começou a andar e foi para a Gafanha da Nazaré. Parou mesmo à frente da minha casa. A minha mãe achou muito esquisito o farol da Barra estar à frente da minha casa, mas depois eu contei tudo o que tinha acontecido à minha mãe. Mesmo assim não ficou muito aliviada. Eu olhei para ele, ele piscou-me o olho e eu assustei-me, mas depois saí de casa e fui lá para fora. Ele começou a falar comigo e eu fiz amizade com o farol da Barra. Aquilo é que foi divertido!
- Eu e tu vamos viver grandes aventuras – disse o farol.
- Posso ver o teu foco? Mas não o ponhas com luz.
- Está bem – disse o farol da Barra.
Eu entrei lá dentro e vi o foco. Ele era gigantesco (ainda bem que fui de elevador porque subir duzentos e setenta e um degraus e mais uma escada metálica com vinte degraus, imaginem como era cansativo).
- Muito obrigado, farol da Barra! Por falar nisso, vou-te chamar Grandalhão, está bem?
- Pode ser, eu não me importo – disse o Grandalhão.
- Muito bem, por onde é que vamos começar? É que eu estou ansioso por viver uma aventura.
- Nós vamos começar a explorar a Barra – disse o Grandalhão.
- Posso ir para as tuas costas, se faz favor?
- Claro que podes, anda!
- Vamos começar a investigar ali na praia da Barra, está bem?
- Sim.
- Acho que está ali qualquer coisa – afirmei.
E assim começámos a procurar na praia, depois no café e assim sucessivamente.
- Muito bem, eu estou um pouco cansado, amanhã vivemos outra aventura. Lembra-te: acorda às oito da manhã e eu vou ter contigo de bicicleta.
- Eu não me esqueço. Espera aí, eu vou-te ensinar coisas sobre mim – disse o Grandalhão. – Sabias que eu custei a quantia de cinquenta e um contos aos cofres do Estado e o cilindro tem de altura quarenta e quatro metros e meio?
- Não, não sabia.
- E sabias que a inauguração foi levada a cabo por Bernardino Machado e que sou o mais alto da Península Ibérica?
- Não, também não sabia. Até amanhã.
No dia seguinte, eu levantei-me, tomei o pequeno-almoço, lavei os dentes, preparei a minha mochila de aventura e fui ter com o Grandalhão.
- Olá, Grandalhão, bom dia, como é que estás hoje?
- Eu estou bem, obrigado e já estou preparado para outra aventura. Planeei ir de barco ao Egipto, está bem?
- Sim, sim, eu sempre quis ir ao Egipto explorar as pirâmides e os hieróglifos. Não temos tempo a perder. Anda!
- Já vou, os barcos vêm daqui a cinco minutos.
Nós fomos até aos barcos, e toda a gente se assustou quando viu o Grandalhão andar, ou seja, o farol da Barra.
Quando chegámos ao Egipto, os egípcios pensaram que o Grandalhão era um extraterrestre, mas depois eu contei ao faraó tudo o que se tinha passado, porque eu já conhecia o faraó, e o faraó já me conhecia.
Todos se divertiram a brincar e a explorar.
- Vamos explorar pirâmides – disse o farol da Barra.
- Espera por mim.
- Esperem por nós – disseram os egípcios.
- Estão ali as pirâmides de Gizé, venham.
- Já vamos – disseram o farol e os egípcios.
- Estamos na altura certa.
- Altura certa para quê? – disse o Grandalhão.
- Para explorar as pirâmides de Gize, é claro.
- Muito bem, estão preparados?
- Sim, é claro.
- Não estão com um bocadinho de medo? – disse o farol.
- Eu não, e tu?
- Não, eu não tenho medo de nada nem me assusto.
- Búúúú.
- Ààààà.
- Afinal assustas-te.
- Claro, isso foi de repente.
- Está ali o sarcófago do Quéops. Vamos ver o que é que tem lá dentro.
- Eu não tenho a certeza, pode ser uma armadilha. Não acham?
- Eu não acho.
Nós encontrámos muitas coisas mas nada melhor que a amizade. Depois eu e o Grandalhão fomos para casa descansar da aventura porque aquilo é que foi cansativo.
Eu e o farol da Barra vivemos muitas aventuras a valer!
João Pedro